A
globalização é um processo de integração social, econômica e cultural entre as
diferentes regiões do planeta.
A
globalização é um dos termos mais frequentemente empregados para descrever a
atual conjuntura do sistema capitalista e sua consolidação no mundo. Na
prática, ela é vista como a total ou parcial integração entre as diferentes
localidades do planeta e a maior instrumentalização proporcionada pelos
sistemas de comunicação e transporte.
Mas o que é
globalização exatamente?
O conceito de globalização é dado por
diferentes maneiras conforme os mais diversos autores em Geografia, Ciências
Sociais, Economia, Filosofia e História que se pautaram em seu estudo. Em uma
tentativa de síntese, podemos dizer que a globalização é entendida como a
integração com maior intensidade das relações socioespaciais em escala mundial,
instrumentalizada pela conexão entre as diferentes partes do globo terrestre.
Vale lembrar, no entanto, que esse
conceito não se refere simplesmente a uma ocasião ou acontecimento, mas a um
processo. Isso significa dizer que a principal característica da globalização é
o fato de ela estar em constante evolução e transformação, de modo que a
integração mundial por ela gerada é cada vez maior ao longo do tempo.
Há um século, por exemplo, a velocidade da
comunicação entre diferentes partes do planeta até existia, porém ela era muito
menos rápida e eficiente que a dos dias atuais, que, por sua vez, poderá ser
considerada menos eficiente em comparação com as prováveis evoluções técnicas
que ocorrerão nas próximas décadas. Podemos dizer, então, que o mundo
encontra-se cada dia mais globalizado.
O avanço realizado nos sistemas de
comunicação e transporte, responsável pelo avanço e consolidação da
globalização atual, propiciou uma integração que aconteceu de tal forma que
tornou comum a expressão “aldeia global”. O termo “aldeia” faz referência a
algo pequeno, onde todas as coisas estão próximas umas das outras, o que remete
à ideia de que a integração mundial no meio técnico-informacional tornou o
planeta metaforicamente menor.
A origem da
Globalização
Não existe um total consenso sobre qual é
a origem do processo de globalização. O termo em si só veio a ser elaborado a
partir da década de 1980, tendo uma maior difusão após a queda do Muro de
Berlim e o fim da Guerra Fria. No entanto, são muitos os autores que defendem
que a globalização tenha se iniciado a partir da expansão marítimo-comercial
europeia, no final do século XV e início do século XVI, momento no qual o
sistema capitalista iniciou sua expansão pelo mundo.
De toda forma, como já dissemos, ela foi
gradativamente apresentando evoluções, recebendo incrementos substanciais com
as transformações tecnológicas proporcionadas pelas três revoluções
industriais. Nesse caso, cabe um destaque especial para a última delas, também
chamada de Revolução Técnico-Científica-Informacional, iniciada a partir de meados
do século XX e que ainda se encontra em fase de ocorrência. Nesse processo,
intensificaram-se os avanços técnicos no contexto dos sistemas de informação,
com destaque para a difusão dos aparelhos eletrônicos e da internet, além de
uma maior evolução nos meios de transporte.
Portanto, a título de síntese, podemos
considerar que, se a globalização iniciou-se há cerca de cinco séculos
aproximadamente, ela consolidou-se de forma mais elaborada e desenvolvida ao
longo dos últimos 50 anos, a partir da segunda metade do século XX em diante.
Características da
globalização / aspectos positivos e negativos
Uma das características da globalização é
o fato de ela se manifestar nos mais diversos campos que sustentam e compõem a
sociedade: cultura, espaço geográfico, educação, política, direitos humanos,
saúde e, principalmente, a economia. Dessa forma, quando uma prática cultural
chinesa é vivenciada nos Estados Unidos ou quando uma manifestação tradicional
africana é revivida no Brasil, temos a evidência de como as sociedades integram
suas culturas, influenciando-se mutuamente.
Existem muitos autores que apontam os
problemas e os aspectos negativos da globalização, embora existam muitas
polêmicas e discordâncias no cerne desse debate. De toda forma, considera-se
que o principal entre os problemas da globalização é uma eventual desigualdade
social por ela proporcionada, em que o poder e a renda encontram-se em maior
parte concentrados nas mãos de uma minoria, o que atrela a questão às
contradições do capitalismo.
Além disso, acusa-se a globalização de
proporcionar uma desigual forma de comunicação entre os diferentes territórios,
em que culturas, valores morais, princípios educacionais e outros são
reproduzidos obedecendo a uma ideologia dominante. Nesse sentido, forma-se,
segundo essas opiniões, uma hegemonia em que os principais centros de poder
exercem um controle ou uma maior influência sobre as regiões economicamente
menos favorecidas, obliterando, assim, suas matrizes tradicionais.
Entre os aspectos positivos da
globalização, é comum citar os avanços proporcionados pela evolução dos meios
tecnológicos, bem como a maior difusão de conhecimento. Assim, por exemplo, se
a cura para uma doença grave é descoberta no Japão, ela é rapidamente difundida
(a depender do contexto social e econômico) para as diferentes partes do
planeta. Outros pontos considerados vantajosos da globalização é a maior
difusão comercial e também de investimentos, entre diversos outros fatores.
É claro que o que pode ser considerado
como vantagem ou desvantagem da globalização depende da abordagem realizada e
também, de certa forma, da ideologia empregada em sua análise. Não é objetivo,
portanto, deste texto entrar no mérito da discussão em dizer se esse processo é
benéfico ou prejudicial para a sociedade e para o planeta.
Efeitos da
Globalização
Existem vários elementos que podem ser
considerados como consequências da globalização no mundo. Uma das evidências
mais emblemáticas é a configuração do espaço geográfico internacional em redes,
sejam elas de transporte, de comunicação, de cidades, de trocas comerciais ou
de capitais especulativos. Elas formam-se por pontos fixos – sendo algumas mais
preponderantes que outras – e pelos fluxos desenvolvidos entre esses diferentes
pontos.
Outro aspecto que merece destaque é a
expansão das empresas multinacionais, também chamadas de transnacionais ou
empresas globais. Muitas delas abandonam seus países de origem ou,
simplesmente, expandem suas atividades em direção aos mais diversos locais em
busca de um maior mercado consumidor, de isenção de impostos, de evitar tarifas
alfandegárias e de angariar um menor custo com mão de obra e matérias-primas. O
processo de expansão dessas empresas globais e suas indústrias reverberou no
avanço da industrialização e da urbanização em diversos países subdesenvolvidos
e emergentes, incluindo o Brasil.
Outra dinâmica propiciada pelo avanço da
globalização é a formação dos acordos regionais ou dos blocos econômicos.
Embora essa ocorrência possa ser inicialmente considerada como um entrave à
globalização, pois acordos regionais poderiam impedir uma global interação econômica,
ela é fundamental no sentido de permitir uma maior troca comercial entre os
diferentes países e também propiciar ações conjunturais em grupos.
Por fim, cabe ressaltar que o avanço da
globalização culminou também na expansão e consolidação do sistema capitalista,
além de permitir sua rápida transformação. Assim, com a maior integração
mundial, o sistema liberal – ou neoliberal – ampliou-se consideravelmente na
maior parte das políticas econômicas nacionais, difundindo-se a ideia de que o
Estado deve apresentar uma mínima intervenção na economia.
A globalização é, portanto, um tema
complexo, com incontáveis aspectos e características. Sua manifestação não pode
ser considerada linear, de forma a ser mais ou menos intensa a depender da
região onde ela se estabelece, ganhando novos contornos e características.
Podemos dizer, assim, que o mundo vive uma ampla e caótica inter-relação entre
o local e o global.
Por
Me. Rodolfo Alves Pena